sábado, 29 de agosto de 2009

Divino big brother

O JC da última quinta-feira (27/8) divulgou uma notícia bastante animadora: a Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco e a cúria de Olinda e Recife fecharam um acordo para a instalação de câmeras de segurança nas igrejas das cidades irmãs. Essas câmeras, aliás, já são conhecidas nossas. Elas estão por toda parte e há inclusive quem reclame deste big brother total. A verdade é que se estão bem posicionadas e se há gente monitorando do outro lado do fio elas podem sim ser bastante úteis. Se não para evitar delitos pelo menos para identificar os delinqüentes.

Numa sociedade na qual a violência é um elemento desumanamente cotidiano, quase não sobra espaço no noticiário e na atenção do público para o fato de que importantes vestígios do nosso passado têm sido vandalizados ou roubados. Não se trata de agressão contra a pessoa, mas é uma violência contra a sociedade como um todo. A reabertura dos templos poderá beneficiar não só as atividades turísticas. Os próprios moradores locais devem ser estimulados a entrar nos templos e conhecer os seus significados, pois, só se valoriza aquilo que se conhece. O envolvimento da população com o patrimônio é o que lhe dá sentido e o que permite a emergência de uma consciência para a conservação. É o que dá visibilidade aos monumentos e os trazem de volta para dentro do cotidiano. Em várias ocasiões tentei mostrar as igrejas do centro do Recife a visitantes durante horários comerciais de dias úteis, mas sempre as encontrei fechadas (com exceção da Basílica do Carmo por volta do meio-dia em uma quarta-feira). Deixamos de explorar assim um perfeito complemento para o turismo de praia que já está bastante consolidado no estado.

Vamos torcer que para que esse seja um primeiro passo no fortalecimento do turismo cultural e que em breve outras ações de apoio sejam realizadas, ações como a restauração e preservação de monumentos e sítios arqueológicos, a sinalização dos locais e rotas de interesse, a melhoria nas condições de acessibilidade e de segurança de forma geral. Para aqueles que desejam conhecer ou revisitar nossas igrejas, vale a pena dá uma olhadinha nos dois guias publicados por Gilberto Freyre na década de 40 do século passado (Guia Histórico e Sentimental de Cidade Brasileira, há um volume para cada cidade). Uma boa viagem!

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